segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Qual o preço dos diamantes?

Parece que ainda estou a ouvir as palavras da Luísa no Conselho Diocesano... Preocupada com os sonhos demasiado altos da equipa diocesana acabada de eleger. 19 anos, meio ano no MCE, que experiência de movimento e conhecimento da sua verdadeira identidade poderiam eles ter?




Reconheço que fomos ambiciosos em alguns dos nossos projectos, mas quisemos ter protagonismo no renascimento da diocese do Porto. Ao género do cliché quisemos marcar a diferença. Parece-me que aos poucos temos conseguido. Este ano, já marcamos o passo no Peddy Paper e mais recentemente na nossa sessão de cinema. Como temos de contar cada tostão (quero dizer cêntimo) que temos é sempre uma aventura organizar algo aqui pelo Norte. O Bajouco e o Miguel, que vieram de Leiria (e isso resume tudo) dizem que nós aqui por cima somos muito agressivos. Eu cá acho que lutamos por aquilo que queremos, com unhas, dentes e o que mais houver. Tem a ver com o envolvimento de que falávamos na nossa última reunião. E foi exactamente numa dessas segundas, ou quartas (já não me lembro bem) que sugeri vermos o Diamante de Sangue. Confesso que não foi pelo DiCaprio, se bem que o seu desempenho seja brilhante, mas antes porque no momento em que saí do cinema, fiquei com a sensação de que aquele não é um filme para esquecer. É um filme que incomoda e faz pensar. Como diz Fernando Pessoa “Pensar dói como andar à chuva”, mas impulsiona-nos para a mudança e para o movimento. Conformar-se e deixar passar não é coisa que alimente o espírito e o que não falta em Portugal são zombies mecânicos que vivem da rotina, cada vez mais pobres, menos humanos, mais ou menos pessoas.



Com estudantes de todos os sítios é difícil conciliar dias e horas, mas acho que com a oferta de coffee‑break conseguimos chegar a um consenso (quem inventou a comida...). No Seminário de Vilar, a Sofia dizia que só tinha dormido 5 horas enquanto preparava a mesa, e a Andreia perguntava se poria primeiro as velas ou a manta no chão. Sempre ouvi dizer que três cabeças pensam melhor que uma (ou seriam duas?) e por isso nunca o poderia ter feito sem a ajuda da tesoureira e da coordenadora de equipa. Tentámos criar um ambiente confortável, mas simples, algo ao estilo africano. Mantas no chão, algumas almofadas aleatoriamente postas, uma tocha apagada, algumas velas no chão ardendo no símbolo da cruz e nas iniciais do MCE, cartaz da actividade em tamanho A3, DVD e projector emprestado, as minhas 5 colunas da Creative e o som do cinema. As pessoas a chegar e os problemas técnicos do costume. Apagam-se as luzes e o silêncio acende-se. As imagens sucedem-se e o coração aperta-se, a música, as armas, a guerra, o desespero, as bombas, os gritos, o diamante, a ganância, os refugiados, a guerra, as mortes, o choro, os repórteres, as crianças, o sangue, o diamante...África. Paira uma frase no ar: “As vezes pergunto-me se Deus nos perdoaria alguma vez pelo que fizemos uns aos outros. Então... olho à minha volta e apercebo-me que Deus deixou este sitio hà muito tempo atrás”



Com o passar da meia noite a nossa discussão perde-se no cansaço e nos afazeres do dia seguinte. Fica a promessa de um novo encontro, desta vez com tempo no bolso e palavras na mão.
Ass: Vanessa

3 comentários:

Anônimo disse...

Sempre acreditei em vocês!
Obrigada por existirem e por terem protagonismo no renascer da diocese!

Adoro-vos mt a todos!

Um Beijinho enorme e continuem com essa garra que sõ nós nortenho temos!

Luísa

Anônimo disse...

Muito bonito!
O texto e mais ainda, o sentimento por trás.Reconheço em voçês um entusiasmo, uma vida que me inspira.
Acredito que em grupos diferentes, mas lutando pelo mesmo, pelas pessoas, pelo mundo,...nos vamos encontrando (nos corredores da faculdade também)*
beijo com sabor a rabanada para todos*
boas festas(q não há $pás msgs=)

Ana Sampaio*

Anônimo disse...

Não podia deixar de mandar vir com o texto...
Tá excelente mana, para não varia. Realmente é mesmo bom perceber o que vos move, a fé de que são capazes e de que pouco não é suficiente...agora em terras da invicta espero poder ajudar-vos a tornar esse nosso sonho cada vez mais realidade...

Beijinhos cheios de cores***