segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Sobre o amor

O amor. Quem ainda não pensou ou vivenciou este sentimento que tanta influência exerce na nossa vida? Se há algo de que não podemos fugir, esse algo será o amor. Pois é, love is all around, nas nossas relações quer seja familiares, de amizade ou até para com desconhecidos. Por outro lado podemos amar objectos, actividades, profissões, etc. Um aspecto parece ser inegável: o amor existe nas nossas vida e faz com que elas tenham mais sentido. Basta olharmos, por exemplo, para relação mãe-filho, dois amigos, um casal romântico, uma pessoa profissionalmente satisfeita, etc.

Mas como sabemos que amamos verdadeiramente alguém? As pessoas por vezes mais parecem icebergues, aquilo que vemos ou o que está passível de ser visto no imediato é uma pequena parte, em comparação com aquilo que permanece oculto e que não vemos ou raramente temos a oportunidade de notar. Tornamo-nos cada vez mais individualistas, muitas vezes porque pensamos demasiado em nós mesmos, seja por sermos egocêntricos ou por não encontrarmos aquilo que necessitamos fora de nós mesmos, ou seja, nas relações que temos. No que diz respeito às relações românticas, o divórcio parece estar muito em “voga”, as pessoas já pensam nele, mesmo antes de se casarem. Se antes havia receio em consumar o divórcio, hoje é uma prática mais banalizada, na medida em que o casamento se tornou uma união que afinal pode não ser “para sempre” como frisa a cerimónia matrimonial. Mas o ser humano é volátil, ou seja, muda, transforma-se. Pode optar por não o fazer, ou por outro lado fazê-lo mais do aquilo que seria adaptativo. Para o bem ou para o mal, todos temos essa capacidade de mudar. Nós mudamos e os outros também o fazem, seja de forma consciente ou não. Os sentimentos não são excepção, ou não existissem eles dentro de nós. Assim, somos forçados a admitir que não temos controlo absoluto sobre os sentimentos, nossos e o dos outros. Assim quando o sentimento se extingue ou se transforma em algo diferente, as pessoas vêem-se “obrigadas” a mudar algo nas suas vidas, isto em nome da felicidade. O divórcio é dos exemplos mais flagrantes no que diz respeito a essa mudança. As pessoas deveriam, sem dúvida, ponderar muito bem antes casar, pois esse passo vai ter profundas implicações no seu modo de vida. A separação surge muitas vezes como uma solução que afecta não só o casal mas também aqueles foram gerados dessa união – os filhos. Amar será negativo ou positivo? Parece que é bom sentirmos amor e manifestarmos esses sentimentos das mais variadas formas. Contudo, parece também, que ele tem uma cadência própria em que tal como nós: nasce, desenvolve-se e (por vezes) morre. À margem desta visão um pouco fatalista, o amor também pressupõe que tenhamos um papel activo nessa manutenção do sentimento. Talvez, como quem constrói uma casa, no processo da sua construção passa ser parte de nós. Mas somos livres para amar e para sermos amados. Parece que este último aspecto foge à nossa vontade, mas é essencial respeitar-mos a liberdade dos outros. A questão do amor e da liberdade não é nova, é uma inquietação do ser humano que se expressa de variadas formas. José Luís Peixoto define, num poema, o amor da seguinte forma: “amar é saber que existe uma parte de nós que não nos pertence e saber que lhe vamos perdoar tudo…” Podemos ver o amor sobre vários pontos de vista: psicológico (ao nível da paixão e da atracção, enquanto sentimento individual, os sentimentos são únicos) e sociológico (este na medida em que se reflecte no mundo que nos rodeia, na forma como cada um o “extravaza”). O amor espelha neste sentido, uma maneira de ser e uma maneira de agir, podendo ambos ser ou não congruentes.


Smooth Criminal

5/11/2007

Ass: JBajouco

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